segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Prioridades para a política florestal na Amazônia em 2015
* Ecio Rodrigues
O momento é mais que oportuno. Os acordos assinados, ou aqueles que estão sendo negociados no mundo, empurram-nos para isso há pelo menos 20 anos. É hora de finalmente tomar-se a decisão de dar prioridade ao setor florestal na Amazônia.

No curto prazo, a principal demanda para a política florestal na Amazônia, sobretudo em relação às florestas nativas, é a promoção do manejo de uso múltiplo – na condição de tecnologia desenvolvida pela ciência florestal brasileira para a exploração sustentável dos estoques florestais.

Entenda-se por “promoção” o desenvolvimento de iniciativas voltadas para o aperfeiçoamento e a propagação do manejo florestal de uso múltiplo, de forma a demonstrar-se não apenas sua aplicabilidade como também o grande potencial produtivo do ecossistema amazônico.
A divulgação, a qualificação de profissionais para aplicação dessa tecnologia (no Acre, para cada 100 planos de manejo licenciados há apenas 4 novos técnicos habilitados) e a reformulação das regras direcionadas ao seu licenciamento são ações que precisam ser encaradas como prioridades.

No médio prazo, deve-se conferir às questões florestais o mesmo arcabouço garantido ao tema do meio ambiente na década de 1990 e ao da água na década de 2000. Isto é, uma nova institucionalidade, nos âmbitos estatal e privado, deve ser assegurada aos assuntos relacionados à exploração do ecossistema florestal – fazendo-se jus à sua condição de prioridade política. 

Ora, se não existem dúvidas quanto à importância da floresta como solução para minimizarem-se os efeitos do desmatamento, do aquecimento do planeta, das mudanças no clima, das secas e alagações – sem falar das centenas de matérias-primas que podem ser ofertadas mediante a exploração do ecossistema florestal –, parece claro que o tema não pode permanecer na precariedade atual.

Isso significa, por exemplo, que a constituição jurídica do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) deve ser revista, de modo a fornecer-se alguma agilidade operacional a esse órgão; significa ainda que, na condição de organizador do sistema nacional de florestas, o SFB deve migrar da alçada do Ministério do Meio Ambiente para a alçada do Ministério da Agricultura. Isto é, a gestão das florestas deve sair da jurisdição ambiental e retornar ao setor produtivo – que era onde se assentava o antigo IBDF, antecessor do SFB).

Talvez seja mesmo o momento de se discutir a criação de um órgão federal com maior relevância política para cuidar da produção florestal. Diga-se, a propósito, que a produção pesqueira adquiriu considerável proeminência com o advento da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca em 2003, a ponto de obter um ministério exclusivo em 2009.

Também deve ser promovida pelo Governo Federal – inclusive por meio do franqueamento de recursos financeiros – a criação de órgãos estaduais com estrutura e poder político para levar o uso múltiplo da biodiversidade amazônica a um novo patamar.  

Por sinal, enquanto, no Estado do Amazonas, a existência da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável só comprova a importância de uma instituição bem estruturada para gerir a política florestal estadual, no Acre, de forma inexplicável, a Secretaria Estadual de Floresta foi simplesmente extinta – sem que nenhum outro órgão fosse criado em substituição.

Por outro lado, estudos envolvendo a estadualização e municipalização da gestão florestal são muito bem vindos. A análise dos impactos que as decisões locais causam sobre a dinâmica florestal pode trazer resultados expressivos para a ação estatal na gestão das florestas na Amazônia.

No longo prazo, por fim, é necessário acabar com o preconceito que estigmatiza o mais importante produto florestal da Amazônia: a madeira.
      
* Professor Associado da Universidade Federal do Acre, Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília.


E como anda a gestão de nossas Unidades de Conservação? Para que servem? Será que estamos atingindo o objetivo de conservação e/ou preservação das áreas protegidas? Sua proteção está relacionada a água? 

Vamos discutir um pouco sobre o tema UC através do texto abaixo e perceber que sua importância pode influenciar a vida de muitas pessoas, inclusive das que hoje enfrentam o colapso no sistema de abastecimento de água. 

Água: a resposta para a crise pode estar nas Unidades de Conservação


A cabeça do gestor público no Brasil de hoje é mais atrasada que a do político em 1800”, define o vice-presidente da Conservação Internacional no Brasil, Rodrigo Medeiros, ao alertar que a grave crise hídrica atual pode estar associada à falta de cuidados com as áreas protegidas e ao intenso desmatamento nas bacias hidrográficas.
O Rio de Janeiro, então capital do império no século 19, viveu momentos de sufoco com falta de água potável. A floresta, hoje Parque Nacional da Tijuca, fora devastada para o plantio de cana e café. Sem vegetação, os mananciais secaram.
Sob o comando de D. Pedro II, a crise virou caso de polícia e fez com que o imperador ordenasse que um major e mais seis escravos reflorestassem a área desmatada. O ano era 1862 quando mais de 100 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica foram plantadas.
O Blog do Observatório de UCs inicia o ano com uma reflexão: A resposta para a falta d’água pode estar associada às Unidades de Conservação (UCs)? O que são e para que servem? Afinal, estamos protegendo nossas áreas verdes?
O Sudeste vive a pior crise hídrica em 84 anos, admitiu a ministra do Meio Ambiente (MMA), Izabella Teixeira, no final de janeiro. “Nunca se viu uma situação tão sensível e preocupante”, declarou.
Além de proteger a fauna e flora, as UCs são responsáveis por preservar nascentes que vão abastecer as casas nas cidades, irrigar as lavouras e mover as usinas hidrelétricas para gerar energia. As áreas protegidas ajudam ainda as sociedades a lidar com as mudanças climáticas por serem estoques de água e de carbono.
Na opinião de Medeiros em conversa com o Observatório de UCs, falta um plano para recuperar as bacias hidrográficas que abastecem os grandes centros urbanos. A maioria destas bacias no Sudeste foi muito degradada pela agricultura e pecuária.
“As áreas que têm cobertura florestal retêm de forma mais eficiente grande quantidade de água que cai da chuva e realimentam os lençóis freáticos. Se não tem vegetação, rapidamente secam”, explica.
A proteção de UCs garante a oferta de água em termos de quantidade e qualidade, concorda o diretor de Áreas Protegidas do MMA, Sérgio Collaço.
A possibilidade de escassez de água parece iminente e bate à porta dos três principais estados brasileiros, no coração econômico do país. Depois de São Paulo, Rio e Minas já discutem planos de racionamento.
O fornecimento de eletricidade também está em xeque se os reservatórios das principais hidrelétricas do país ultrapassarem o limite mínimo de 10% de armazenamento. No Sudeste e Centro-Oeste, os reservatórios mais importantes para geração hídrica no país, estão com 17,43%, segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS).
“A nossa dificuldade de trabalhar com UCs no Brasil é que, no imaginário popular, elas estão apenas em ambientes remotos e rincões como na Amazônia, distantes das áreas urbanas onde 85% da população brasileira reside”, admitiu Collaço.
A taxa de proteção da Mata Atlântica não ultrapassa a 10%, dos quais apenas 2,5% são de proteção integral. “A crise hídrica que o Brasil enfrenta hoje é causada por múltiplos fatores. Boa parte deles está relacionada ao péssimo manejo da água, distribuição ineficiente com gigantesco desperdício e planejamento urbano catastrófico. Não houve nas cidades a introdução de UCs que garantissem o provimento da água”, analisou.
O grande desafio em tempos de crise é aproximar a população das UCs da e retomar o planejamento territorial com reflorestamento e recuperação da vegetação das bacias onde correm os principais rios que abastecem as cidades. Hoje restaurar uma floresta leva, em média, de 10 a 15 anos.
Esta opinião é compartilhada por Medeiros ao defender a urgência da implementação de planos que recuperem a vegetação ao longo das bacias. “A gente vai levar um tempo grande para restaurar essas áreas para que elas possam de novo cumprir a sua função de absorção da água e manter a resiliência do ambiente”, disse.
Em 2011, Medeiros participou na elaboração do relatório sobre a contribuição das UCs brasileiras para a economia nacional. O estudo já apontava o impacto da preservação de áreas protegidas no fornecimento de água e mostrou que 76% das zonas de captação de água para produção de eletricidade dependem de UCs.
Por mais que levem 15 anos para restaurar o que foi degradado, é preciso pensar em evitar futuras crises, tal como D. Pedro II já havia percebido em tempos idos.
Disponivel em: http://observatorio.wwf.org.br/blog/2015/02/03/agua-a-resposta-para-a-crise-pode-estar-nas-unidades-de-conservacao1/

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Ações no Igarapé Santa Rosa

Como parte das ações do Programa Água Brasil, concebido pelo Banco do Brasil e desenvolvido em parceria com a Fundação Banco do Brasil, Agência Nacional de Águas e a organização ambientalista WWF a Associação Andiroba realizou nos dias 23 e 24 de janeiro um mini curso sobre compostagem entre comunidade beneficiada pelo projeto e alunos do campus Xapuri.
O projeto já em fase de encerramento teve ações  Conjuntas no Igarapé Santa Rosa promovendo melhores condições de vida à população residente na microbacia localizada no município de Xapuri.
A Associação com cede em Rio Branco tem como contribuição no projeto a responsabilidade de implantar 270 fossas sépticas nas residências que não possuem tratamento de efluentes, eliminando es efluentes domiciliares sem tratamento despejados no Igarapé Santa Rosa, além da oferta de mini cursos para um publico total de 80 pessoas.
Sabendo da vocação do Campus Xapuri na área ambiental, a Associação estabeleceu parceria entre o Instituto Federal do Acre, que além de participar com alunos nos cursos oferecidos, participa também com alunos voluntários no projeto que irão ser orientados em seu trabalho de conclusão de curso por docente do Instituto e co-orientados por pesquisadores da Universidade Federal do Acre e associados da Andiroba.
A comunidade também se fez presente no projeto, através da participação no curso, moradores dos bairros beneficiados pelo projeto ampliam seus conhecimentos na área ambiental e garantem praticas mais sustentáveis em suas residências.
A proposta do primeiro curso e difundir o processo de compostagem. Este processo consiste em transformar a matéria orgânica em material semelhante ao solo, através de processo biológico onde microrganismos decompõem restos de comida, esterco de animais, galhos e folhas secas para a formação do composto, que pode ser utilizado como adubo.

Durante o curso, foram produzidas duas composteiras, que são estruturas próprias para o depósito do material orgânico. Ao final do curso, uma das composteiras foi doada a comunidade, representada pela associação de moradores e a outra doada ao IFAC, representada pelo grupo de alunos.  As aulas teóricas foram realizadas no Campus Xapuri e as aulas teóricas no viveiro da instituição.  

O próximo curso já esta previsto para os dias 20 e 21 de fevereiro. A próxima temática estará voltada ao consumo consciente de recursos. Saber usar bem os recursos naturais e reduzir nosso consumo serão temas do próximo encontro.