* Ecio Rodrigues
Antes de
iniciar qualquer discussão jamais esqueça que a seca e alagação na Amazônia,
eventos extremos que passaram a ocorrer em intervalos de tempo menores, são
consequências do desmatamento.
Foi a
partir do corte raso de grandes áreas de floresta, com pico na década de 1970,
mas que se manteve todos os anos com recordes perigosos em 1995 e 2004, que
fenômenos climáticos como El Niño potencializaram os efeitos do desmatamento
transformando estiagem e cheias nas tragédias da seca e alagação,
respectivamente.
Resumindo,
esticar a corda no sentido de endurecer as regras, aumentar o investimento no
sistema de comando e controle para alcançar o desmatamento zero, legalizado ou
não, da Amazônia até 2030 deveria ser prioridade para os políticos.
Na COP
28, que aconteceu em Dubai, a expectativa dos brasileiros foi que, sem poder
contar com iniciativas promissoras nos nove governos estaduais, o Ministério do
Meio Ambiente assumisse as rédeas e a responsabilidade pelo desmatamento zero
na Amazônia.
De nada
adiantaria repetir o discurso, cansativo diga-se, de que há um custo para
implantar as políticas para o desmatamento zero e que esse dinheiro deveria vir
dos países ricos que produziram, em suas indústrias, a maior parte do carbono
que se encontra na atmosfera.
Ninguém
discorda dessa ladainha e o dinheiro da cooperação internacional tem, em
quantidade que por óbvio pode ser aumentada, abastecido o Fundo Amazônia, sobretudo
após os quatro anos de incompetência do governo que se foi em 2022.
Da mesma
forma que cansou a equivocada e repetida justificativa sobre uma pobreza
crônica do produtor rural na Amazônia, tema há muito superado pelos programas
sociais, que se não desmatar para criar gado poderá até morrer de fome. Ninguém
pode, atualmente, achar que isso é possível.
Observadores
internacionais e o movimento ambientalista de modo geral externam descrença
sobre a possiblidade de conquistas para as políticas internacionais sobre
transição na geração de energia, de maneira a substituir o petróleo pela força
do sol, do vento e da água.
Acreditam
eles, que a poderosa, Petrobras incluída, indústria do petróleo e do gás reforçou
sua atuação aproveitando que o país anfitrião, os Emirados Árabes Unidos, faz
parte do seleto grupo dos dez maiores produtores de petróleo do mundo.
Nada mais
compreensível e seria ingênuo imaginar que a redução da produção de petróleo
pela OPEP apareceria em algum documento oficial no final das negociações
realizadas durante a COP28.
Porém,
tudo foi bem diferente com relação à proteção das florestas.
Afinal,
os países produtores de petróleo também defendem o desmatamento zero da
Amazônia.
*Engenheiro
Florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).
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