* Ecio Rodrigues
Publicado em 20 de março de 2023, o relatório do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC da sigla em inglês) que reúne mais de 3.000 cientistas de todo mundo, inclusive brasileiros, fez um alerta estarrecedor: nesse ritmo não vamos conseguir evitar o aquecimento do planeta.
Na visão do seleto grupo de pesquisadores as negociações iniciadas ainda na Rio 92, há exatos 31 anos, apesar de alcançarem resultados importantes não foram suficientes para conter a emergência representada pela crise ecológica.
Ao atualizarem os resultados de centenas de artigos científicos publicados mundo afora, o IPCC apela para que os países sejam eficientes em especial na transição para energia limpa e no financiamento aos países mais impactados.
Na primeira frente, os países devem aumentar o incentivo à geração de energia elétrica com a força das águas, do sol e dos ventos. E na segunda frente, o Fundo Verde deve ter aporte financeiro imediato das economias mais industrializadas.
Em seus relatórios, o painel de cientistas, sobretudo após a assinatura do Acordo de Paris em 2015, tem sido cada vez mais enfático na cobrança por medidas energéticas para promover a mudança na geração e no uso de energia.
Superamos, gritam os cientistas, a fase de apelar para o princípio da precaução quando havia dúvida sobre o aumento da temperatura do planeta. O momento é para aproveitar a janela de oportunidade, em tecnologia e recurso, cada dia mais fechada.
Para o Brasil, após o comprometimento com as metas para chegar ao desmatamento zero e em ampliar a participação de fontes alternativas na matriz de eletricidade, não há espaço para romantismos.
Afinal, não adianta se comparar ao fracassado governo encerrado em 2022 que deixou aos brasileiros um prejuízo econômico descomunal com a destruição em 4 anos de 45.586 km2 de biodiversidade florestal na Amazônia.
Não será com declarações de boas intenções que a destruição da floresta será contida. Medidas concretas devem ser adotadas antes de maio, para que a taxa de desmatamento calculada até agosto de 2023, seja inferior a de 2022.
Medidas que demonstrem determinação política tais como as moratórias para queimadas e desmatamentos na Amazônia adotadas com sucesso desde 2010.
E, melhor ainda, uma moratória de cinco anos no crédito para pecuária extensiva liberado pelo Basa.
Ação de política pública simples, rápida, barata para a sociedade e de efeito imediato. Deixem a retórica no passado, ouçam os cientistas.
*Engenheiro florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB).
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