* Ecio Rodrigues
A COP 26
(Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do
Clima) – que terá lugar em Glasgow, Escócia, de 1º a 12 de novembro – acontecerá
em meio a esperanças renovadas.
São grandes
as expectativas por resultados concretos, e existem razões para tanto. Entre
outras, cite-se o fato de ser a primeira COP pós-pandemia e, ademais, de coroar
o retorno dos EUA ao Acordo de Paris.
Durante a
crise sanitária mundial, no decorrer de 2020, não havia, evidentemente, condições
para a realização de eventos, muito menos conferências de cúpula, que reúnem
centenas de dirigentes e autoridades por períodos relativamente longos.
Era
necessário concentrar todos os esforços e recursos econômicos no propósito de evitar
o colapso generalizado do sistema capitalista, inclusive direcionando auxílio
financeiro às populações vulneráveis e às empresas mais afetadas com a
paralisação da força de trabalho.
Sem
embargo, a resposta da humanidade, de forma geral, se mostrou à altura do
desafio imposto – tendo sido desencadeada uma corrida pelo desenvolvimento de
pesquisas e aprovação de imunizantes, a fim de salvar vidas e controlar os
óbitos.
E sem
dúvida o papel articulador desempenhado pela ONU e pela OMS foi crucial para mitigar
os efeitos de uma pandemia de proporção planetária.
Distinguindo
o grau de urgência, que é bem específico para cada uma, a crise ecológica ocasionada
pela emissão de carbono e consequente aquecimento global guarda semelhanças com
a crise sanitária trazida pela pandemia e, em certa medida, também exige da
humanidade resposta rápida e eficaz.
Se,
antes, o objetivo de conter as emissões de carbono chegou a ser considerado
quase inatingível – em face, por exemplo, da necessidade de alterar a matriz
energética dos países para fontes limpas –, hoje as circunstâncias são diferentes.
Assim, depois
da extraordinária mobilização no intuito de superar o contexto de pandemia e a imposição
de quarentena, a humanidade precisa se unir em torno da economia de baixo
carbono – esforçando-se para efetivar imediatamente, ainda no curto prazo, as
metas pactuadas no Acordo de Paris e, desse modo, evitar tragédias na dimensão
das secas que destroem ecossistemas e ampliam o risco de escassez de alimentos.
Claro que
não se trata de algo simples, afinal, é difícil renunciar, mesmo que
paulatinamente, aos benefícios e comodidades que a era do petróleo nos
proporcionou ao longo do século XX.
Daí a
importância da COP 26 e as perspectivas abertas com a realização da
conferência.
Diante do
retorno da maior economia mundial ao Acordo de Paris, demonstrando forte disposição
para construir consensos em torno do denominado “Novo Pacto Verde” (Green New
Deal), o clima é de otimismo, e há motivo de sobra para acreditar que o tema das
mudanças climáticas alcançará o status de agenda emergencial.
Oxalá a Cop 26 suscite uma corrida entre os países para
produzir uma “vacina” que nos imunize contra os combustíveis fósseis.
*Professor
Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal, mestre em
Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná e doutor em
Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília.
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